sábado, 10 de novembro de 2012

JONAS

Jonas

Introdução

O Livro de Jonas conta a história de um profeta desobediente e sem compaixão. A história é simples e inesquecível. No início, o profeta desobedece a Deus e põe em risco a vida de muitos marinheiros não judeus. Mais tarde, quando, finalmente e, proclama aos ninivitas uma mensagem de julgamento e castigo, fica
com raiva e aborrecido quando Deus muda de idéia e não os castiga. Ele fica tão zangado, que quer morrer ( 4.8-9 ). São justamente esses não judeus — os marinheiros e os ninivitas — que voltam para o Senhor, o Deus dos judeus, e recebem a sua aprovação. A diferença entre este judeu e os não judeus não poderia ser maior. A lição é óbvia: o povo de Deus inclui não somente o povo de Israel, mas também todos os não judeus que se arrependem e se voltam para o Senhor
( 1.16 ; 3.10 ; 4.10-11 ).
Jesus usou essa história como símbolo da sua ressurreição e como um exemplo da necessidade de arrependimento ( Mt 12.38-41 ; Lc 11.29-30,32 ).

1.   Conteúdo

A história do profeta rebelde é fácil de contar. Desobedecendo à ordem de Deus de proclamar uma mensagem de julgamento e castigo na cidade de Nínive, a capital do Império Assírio, Jonas tentou fugir de Deus ( 1.3,10 ). Mas, por meio de uma grande
tempestade e de um grande peixe, Deus pegou o profeta e fez com que ele fosse a Nínive. Lá, para decepção do profeta, todos os ninivitas — o rei, os seus ministros, todas as pessoas e todos os animais  se arrependeram, jejuaram e vestiram roupas feitas de
pano grosseiro. Todos!
O profeta, com raiva pelo fato de sua mensagem não ter se cumprida, pediu a Deus que lhe tirasse a vida. Deus respondeu que, assim como Jonas teve pena da planta que um dia 􀀾floresceu e no dia seguinte morreu, ele, Deus, devia ter pena dos
 ninivitas.

2.   Mensagem

2.1. A primeira mensagem é que Deus é o Senhor do mundo e das nações. Ele manda uma tempestade ( 1.4 ) e, depois, acalma o mar ( 1.15 ); ele manda um grande peixe engolir Jonas ( 1.17 ) e, depois, manda o peixe vomitar Jonas na praia ( 2.10 ); ele faz crescer uma planta ( 4.6 ) e, depois, manda um bicho que acaba com a planta ( 4.7 ); ele manda um vento quente para castigar o profeta ( 4.8 ). Deus é Senhor de tudo e de  todos.

2.2. A segunda mensagem é que Deus ama todos os povos do mundo e não somente o povo de Israel. Ele quer a salvação de todos, inclusive a dos assírios,
inimigos mortais do seu povo. O amor e a compaixão de Deus não têm limites.

3.   Autor e data

Não se sabe quem escreveu o livro, e nada sabemos a respeito de Jonas, além do que aparece em 2Rs 14.25 . É impossível dizer ao certo quando o livro foi escrito.
Muitos dos estudiosos acham que foi no sexto ou quinto século a.C.

4.   Esquema do conteúdo

Jonas foge de Deus cap. 1
A oração de Jonas cap. 2
Jonas em Nínive cap. 3
A raiva de Jonas e a misericórdia de Deus cap. 4
LIVRO DO PROFETA JONAS
1:1 JONAS.
 Jonas foi um profeta do Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II (2 Rs 14.23-25).

1:2 VAI À... NÍNIVE.
 Jonas foi chamado por Deus para advertir a Nínive concernente ao juízo divino que estava prestes a se abater sobre ela em conseqüência de seus muitos pecados. Nínive era a capital da Assíria, uma nação perversa, cruel e imoral ( Na 1.11; 2.12,13; 3.1,4,16,19). Israel odiava os assírios, e os considerava uma grande ameaça à sua sobrevivência.

1:3 TÁRSIS.
 Társis ficava ao sudeste da atual Espanha, a uma distância de aproximadamente 4.000 km de Israel. Era, portanto, um dos lugares mais remotos em relação à terra santa, em direção oposta a Nínive.
 1:3 JONAS SE LEVANTOU PARA FUGIR.
  Jonas fugiu da chamada divina, recusando-se a entregar a mensagem de Deus a Nínive, porque receava que os seus habitantes se arrependessem, e Deus os livrasse do juízo (Jn 4.1,2).
(1) O profeta não queria que o Senhor tivesse misericórdia de nenhuma nação, exceto Israel, e sobretudo que não tivesse compaixão da Assíria. Jonas se esquecera de que o propósito supremo de Deus para com Israel era que este fosse uma bênção para os gentios, e os levasse ao conhecimento de Deus (Gn 12.1-3; Is 49.3).
(2) Cristo vocacionou a igreja para cumprir uma tarefa missionária maior do que a de Jonas — ir por todo o mundo, pregando o evangelho ( Mt 28.18-20; At 1.8). Tal como Jonas, muitas igrejas pouco se interessam pela obra missionária; preocupam-se exclusivamente com a edificação de seu próprio reino no país onde atuam.

1:4 UM GRANDE VENTO.
 Deus envia uma grande tempestade sobre o mar Mediterrâneo a fim de persuadir a Jonas a obedecer à chamada divina. Devido à desobediência de Jonas, as vidas dos marinheiros estavam em perigo. Se os crentes não estiverem plenamente consagrados a Deus e à sua vontade, suas famílias e as demais pessoas que os cercam muito poderão sofrer.

1:5 JONAS... DORMIA UM PROFUNDO SONO.
  Enquanto a vida dos marinheiros corria grande perigo, o servo de Deus dormia. Hoje, muitos são os crentes que se acham adormecidos e despreocupados, enquanto ao seu redor almas preciosas perecem nas tempestades da vida.

1:7 LANCEMOS SORTES.
 É provável que os marinheiros tenham colocado pedrinhas, ou pequenos pedaços de madeira marcados, num vasilhame, para tirarem um deles. Deus controla a escolha, de modo que a sorte recaiu sobre Jonas, identificado como o culpado.

1:12 LANÇAI-ME AO MAR.
  A disposição de Jonas em morrer para salvar os marinheiros indica quão culpado ele se sentia por ter desobedecido a Deus, e por colocar a vida da tripulação em perigo.

1:17 UM GRANDE PEIXE, PARA QUE TRAGASSE A JONAS.
  Deus providenciou um grande peixe para salvar a vida de Jonas; de modo milagroso, conservou-o vivo por três dias no ventre do peixe.
(1) Os incrédulos e os falsos mestres rejeitam o milagre, colocando-o na categoria de obra de ficção. Jesus, no entanto, considerou-o um fato histórico, chegando a citar o incidente para ilustrar sua própria morte, sepultamento e ressurreição ( Mt 12.39-41).
(2) Noutras palavras, Jesus pôs a experiência de Jonas na mesma categoria de sua morte e ressurreição. Ele aceitou-a como milagre de Deus, operado de conformidade com o seu propósito na história da redenção. Para todos os crentes genuínos, portanto, fica confirmada a autenticidade do milagre.

2:1-2:10 E OROU JONAS.
  Esta é a oração de Jonas, pedindo o livramento da morte, e a subseqüente ação de graças.
(1) Do ventre do grande peixe, Jonas clama ao Senhor, embora se considerasse quase morto (v. 6), sua oração é ouvida pelo Senhor que, em sua misericórdia, poupa-lhe a vida.
(2) Os crentes nunca devem perder a esperança, mesmo em situações que pareçam insuportáveis. Assim como Jonas, os crentes devem clamar a Deus, pedindo misericórdia e ajuda. Depositemos, pois, nossas vidas em suas mãos!

2:3 TU ME LANÇASTE.
  Jonas sabia que fora desobediente, e reconhece ter sido Deus quem o lançara ao mar. Sua maior tristeza e temor era ser banido eternamente da presença de Deus (v. 4).

2:7 ENTROU A TI A MINHA ORAÇÃO.
  Quando os crentes oram, devem crer que as suas orações chegam até a presença de Deus.

 2:7 EU ME LEMBREI DO SENHOR.
  “Lembrar-se” do Senhor significa que Deus se torna uma presença real na vida do crente. É só clamar a Ele com fé, em qualquer circunstância, para ser ouvido ( Dt 8.18).


2:9 SACRIFÍCIO... AGRADECIMENTO.
  Enquanto Jonas decidia oferecer sacrifício em ação de graças (v. 9), Deus interveio em favor do profeta (v. 10).



3:2 A PREGAÇÃO QUE EU TE DISSE.
 (1) Jonas foi chamado pela segunda vez a pregar o juízo e condenação contra Nínive ( v. 4). Sua responsabilidade era entregar a mensagem, quer os ninivitas a acolhessem, quer não.
(2) Os pregadores do evangelho são chamados de modo semelhante a pregar “todo o conselho de Deus” (At 20.27; 2 Tm 4.2). Devem pregar tanto a misericórdia quanto a ira de Deus, tanto o perdão quanto a condenação; devem, ainda, tomar cuidado para não enfraquecer o evangelho, evitando temas éticos e as doutrinas consideradas difíceis. Antes, devemos pregar de tal maneira que os ímpios deixem os seus maus caminhos e se voltem para Deus( At 14.15).

3:3 UMA GRANDE CIDADE.
  A cidade de Nínive tinha mais de 120 mil habitantes ( 4.11).

3:5 OS HOMENS DE NÍNIVE CRERAM EM DEUS.
  (1) Os ninivitas aceitaram a mensagem de Jonas, crendo já estarem condenados, a menos que se arrependessem. Como expressão de seu genuíno arrependimento e humildade, jejuaram ( 1 Sm 7.6; 2 Sm 1.12) e vestiram-se de panos de saco (um tecido grosseiro, geralmente feito de pêlo de cabra;  2 Sm 3.31; 2 Rs 19.1,2).
 (2) Jesus declarou que Nínive se levantará no Dia do Juízo para condenar Israel por causa de sua incredulidade e dureza de coração (Mt 12.41).

3:10 DEUS SE ARREPENDEU DO MAL.
  Por ter o povo se arrependido, Deus suprimiu o juízo.
 (1) O desejo primordial de Deus é usar de misericórdia, e não executar o castigo que a sua justiça requer. O Senhor é um Deus que se move de compaixão pelos pecadores que, sinceramente, se arrependem.
 (2) Este livro ilustra a verdade bíblica de que Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento, recebam o perdão e a vida eterna ( 2 Pe 3.9).

4:1 DESGOSTOU-SE JONAS EXTREMAMENTE.
  Jonas irritou-se porque Deus resolvera perdoar os ninivitas. Ele não queria que o Senhor poupasse este arquiinimigo de Israel.
(1) O problema fundamental de Jonas era que ele não priorizava a vontade de Deus. Preocupava-se mais com a segurança física dos israelitas.
(2) Os crentes podem estar preocupados com o “sucesso” da igreja sem que estejam, todavia, no centro da vontade de Deus, conforme os propósitos e padrões revelados na Bíblia.

4:2 DEUS PIEDOSO.
  Deus é “piedoso” (gracioso; anela ajudar-nos); “misericordioso” (sente compaixão); “longânimo” (não deseja castigar os ímpios); “grande em benignidade” (é compassivo e clemente); e “te arrependes do mal” ( deleita-se em abolir seus juízos quando nos arrependemos de nossos pecados). Estas características de Deus são reveladas por toda a Bíblia ( Sl 103.8; 111.4; 112.4; 145.8).

4:3 MELHOR ME É MORRER.
 Jonas ficou tão frustrado e emocionalmente perturbado, que preferiu morrer. De alguma forma, achava que Deus se voltara contra ele e Israel, ao poupar os ninivitas.

4:6 E FEZ O SENHOR DEUS NASCER UMA ABOBOREIRA.
  Ao invés de rejeitar a Jonas por causa de sua atitude, Deus compassivamente procura convencê-lo, mediante o uso de uma planta de rápido crescimento. Com isto, o Senhor mostra-lhe que se importava tanto com Israel quanto com as outras nações.

4:9 É ACASO RAZOÁVEL QUE ASSIM TE ENFADES...
  A ação de Deus, mediante a aboboreira e o vento quente oriental ( 6-9), visava evidenciar o interesse egoísta que Jonas demonstrava pelo seu próprio bem-estar físico, em contraste com sua falta de solicitude pelos ninivitas. Jonas preocupava-se mais com seu próprio conforto do que com a vontade de Deus concernente a Nínive.

4:11 NÃO HEI DE EU TER COMPAIXÃO...  DE NÍNIVE?
Deus expressa seu amor a Nínive.
(1) É o amor do Criador pelas suas criaturas, embora estas vivam no pecado e rebelião contra as suas leis. É um amor que vai muito além de qualquer amor humano ( Rm 5.8).
(2) O amor de Deus pela humanidade estende-se além do seu próprio povo, e alcança os perdidos em todos os lugares. Esta verdade foi plenamente explicitada:
(a) quando Deus enviou seu Filho Jesus para morrer em prol de toda a humanidade (Jo 3.16); e
 (b) quando Jesus enviou os seus discípulos por todo o mundo a pregar o evangelho, e fazer discípulos em todas as nações (Mt 28.18-20).




ESTUDO NA BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL (comentários)
ILMA DE FÁTIMA LIMA DAMASCENO ( 10/11/2012)